terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

A comida que entra e que sai - Um tratado sobre fezes


 Sem ser escatológica, o tema cocô mesmo quando tratado de forma teórica tem seus tabus. Sou professora de yoga em São Paulo capital e sabendo dos Kriyas de limpeza intestinal como o Basti (consiste em inserir água morna no intestino), me interessei mais profundamente por este tema vital.

Na entrada do alimento pela boca: alimentos orgânicos, vegetarianos, integrais, naturais e tão poucos tratados com referência ao que sai do organismo após a digestão. Acredito que o ato de defecar tem, hoje em dia maior preconceito do que o próprio ato sexual com seus manuais para o orgasmo e filmes de Hollywood.

Mas preconceitos à parte, quero tratar do tema com lente de aumento, já que o próprio preconceito nos fez migrar para uma situação caótica no que tange ao despejo de dejetos humanos.

Ih é melhor agente se livrar dessa m... logo! Ah! Já sei! Vamos jogar tudo isso no Rio! Humm boa idéia!!!

E assim o planeta fez... A origem do sistema de esgoto utilizando água na configuração atual veio da Roma Antiga onde eram feitas canaletas de água por onde o esgoto corria, já que naquela época, nem se cogitava a possibilidade de escassez da água.

Isso foi na Roma Antiga, estamos em 2012 e utilizamos o mesmo sistema. Fomos pra Lua, Marte, temos penicilina, direção hidráulica, cirurgia cerebral e ainda defecamos na água. Os vegetarianos mesmo sem comer peixe matam os peixes do rio, os veganos também.  Quero chocar porque o problema é astronômico e dizima a vida dos rios e a vida marinha em grande escala: peixes, algas, animais microscópicos da vida na água.

Muito se fala em fechar a torneira para escovar os dentes, usar menos água, isso é plausível, mas na verdade estamos utilizando a água, H2O, esse bem precioso PARA... despejar esgoto?!?

Alguém pode perguntar: Mas e o tratamento do esgoto? Sim ele é feito em muitas cidades mas por ser um processo de alto custo, muitas vezes, por descaso político e falta de estruturação urbanística a conta acaba ficando por para o rio, todo mundo sabe disso, ou seja, muitas vezes o esgoto é jogado in natura na água dos rios e conseqüentemente, dos mares.

Não viver direito com isso, toda vez que cruzo a Ponte Eusébio Mattoso e abaixo o Rio Pinheiros fétido entra pelas minhas narinas um cheiro de choro de um rio que persiste doente em estado terminal, gritando. Por isso escrevo, para sensibilizar justamente a classe vegetariana e protetora dos animais. Nenhum mamífero terrestre defeca na água – somente o ser humano faz isso, pode observar: cães, gatos, vacas, nenhum dirige-se à água para isso, somente o ser humano o faz, desequilibrando um ciclo perfeito onde a terra absorve os detritos e os torna adubo, que faz crescer os vegetais para alimentarem os mamíferos novamente.

 A solução seria a modernização da fossa seca? Talvez pudéssemos empregar mais nossa tecnologia na “fossa seca” que foi utilizada e ainda é em muitos locais. Num devaneio de latrinas de aço escovado que não misturassem dejetos com água utilizando recursos como o Biodigestor desenvolvido no Brasil e patenteado pelo OIA (www.oia.org.br) entre outras possíveis soluções inteligentes para os recursos hídricos do nosso frágil planeta.

Não podemos mais fechar os olhos e dar descarga impunemente e de cabeça fresca. E entrada do alimento está para inspiração como a saída do alimento está para a expiração, ambas importantes.

Esse pensamento precisa começar a existir na cabeça das pessoas, inicialmente para quebrar os tabus acerca do tema e começar a gerar uma reflexão sobre este novo paradigma de um problema de saneamento básico de todas as metrópoles do globo.



Texto escrito por Marcela Maia

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