sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Os nadadores paulistanos


Hoje fui nadar. Fui nadar na piscina porque sonhei que nadava no rio naquela noite.
Não nadei no rio porque o rio em São Paulo é poluído.
É poluído porque todo mundo dá descarga e o cocô vai para o rio. Esse é um modelo velho de esgoto. No meu sonho a cidade já usa o Biodigestor.
Quando cheguei na piscina azul tinha água molhada e uma criança subitamente loira chamada Marcela por acaso parecia-se comigo quando criança nadava ali. Brincamos um pouco mas ela não me reconheceu porque somente o futuro reconhece o passado, o passado não consegue reconhecer o futuro e é por essa razão que os planos naufragam. Naquele momento naufraguei de propósito meu corpo no mundo azul e gelado, e nadando relembrei da lição de um caboclo que dizia que na água agente não deve ter pressa: ela não admite. O índio rema lentamente porque assim vai mais rápido - é o ritmo da água, quem se afoba, se afoga, mas os nadadores paulistanos não sabem... saíram do trânsito, da guerra, entraram na água e esqueceram que ela poderia ser um rio, lago ou represa limpos. Quem sabe um dia se....

Nenhum comentário:

Postar um comentário